🔈 Requião Filho cumpre agenda política em Irati
Edilson Kernicki, com reportagem de Paulo Henrique Sava
O deputado estadual Maurício Tadeu de Mello e Silva – mais conhecido como Requião Filho (MDB) – cumpriu agenda política em Irati na sexta-feira (18). Entre os compromissos do parlamentar, ele visitou as obras de revitalização do Parque Aquático com o secretário de Cultura, Alfredo Van Der Neut, que era prefeito de Irati na época de construção do parque, e com o prefeito Jorge Derbli (PSDB). A revitalização recebeu emenda do ex-senador Roberto Requião (MDB), pai do deputado.
De passagem pelos estúdios da Najuá, o deputado comentou a atividade parlamentar dentro da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), onde cumpre atualmente o segundo mandato consecutivo. Requião Filho foi reeleito com 82.650 votos em 2018, tendo sido o quarto deputado mais votado do Paraná. Ele é o atual 3º vice-presidente da Mesa Diretora da ALEP, integra a bancada de oposição e preside a Fundação Ulysses Guimarães no Paraná.
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Reforma Administrativa
Desde que foi eleito e, mais especificamente, desde que assumiu o mandato, o governador Ratinho Júnior (PSD) apresenta como um de seus principais objetivos o “enxugamento” da máquina pública, com a redução no número de Secretarias e a fusão de órgãos. Mesmo sendo do lado da oposição, Requião Filho afirma ser favorável à Reforma Administrativa, mas vê problemas na maneira como está sendo desenvolvida.
“Sou a favor da reforma. Acho que reduzir o número de Secretarias, enxugar a máquina do Estado para ter a máquina necessária, diminuir cargos em comissão é interessante. O problema é que a atual reforma apresentada pelo governador está suspeita por lei. Quando ela foi apresentada, no início do ano, [à ALEP,] nós avisamos: esta reforma, este texto, foi feito por alguém que não entende da coisa pública, alguém que nunca mexeu com orçamento público do Estado ou de prefeituras. Um texto cru e ele precisa ser melhorado. Do jeito que está, vai travar o Estado”, critica.
Conforme Requião Filho, a reforma administrativa não está travada por mero capricho da oposição, mas por incompetência e por “falta de humildade da equipe do governador”. “Não éramos contra a reforma. Somos até favoráveis a uma melhor eficácia, por parte do governo. Mas eles são arrogantes o suficiente de não aceitar ajuda”, diz.
Aposentadoria de ex-governadores
Outro tópico que suscitou polêmica na ALEP ao longo de 2019 foi a votação sobre a proposta de fim da aposentadoria para ex-governadores. Requião Filho teve voto contrário ao fim da aposentadoria. O pai do deputado, Roberto Requião, é um dos oito ex-governadores que recebem benefício mensal de R$ 30.471,11.
Mário Pereira e Orlando Pessuti, que foram vices de Requião e assumiram como governadores durante oito meses cada um, em 1994 e 2010, respectivamente, também constam no seleto grupo. Os outros ex-governadores são Paulo Pimentel (1966-1971), Emílio Hoffmann Gomes (1973-1975), João Elísio de Ferraz Campos (1986-1987), Jaime Lerner (1995-2003) e Beto Richa (2011-2018). Alvaro Dias (1987-1991) e Cida Borghetti (2018-2019) não recebem.
Três viúvas de ex-governadores recebem “pensão”. Uma delas é Rosi Costa Gomes da Silva, viúva do interventor federal (cargo equivalente a governador) Mário Gomes da Silva, que ocupou o cargo de 7 de outubro de 1946 a 6 de fevereiro de 1947. A segunda é Madalena Gemieski Mansur, viúva de João Mansur, que governou o Paraná por apenas um mês, em decorrência da morte do titular (Parigot de Souza). A terceira é Arlete Richa, viúva do ex-governador José Richa, que governou o Paraná de 1983 a 1986.
“É um direito adquirido. Ato jurídico perfeito. Existia a lei, a lei permitia. Critérios objetivos atingidos. Nós iríamos retirar direitos adquiridos por quê? É uma questão de seguir a Constituição. Não dá para deixar o governador ficar buscando matérias positivas e atropelando a Constituição a cada vez que ele vir sua aprovação no governo cair”, argumenta.
No entanto, o deputado foi favorável à ideia de que o atual e os próximos governadores tenham suas aposentadorias especiais extintas. “Esse é um direito do governador. Ele se elegeu, o seu discurso foi aceito pela população. Se ele quer mudar as regras daqui para frente, podemos discutir, conversar, elaborar sobre os assuntos. O que não dá é para tirar direitos adquiridos das pessoas. Não se pode ir contra a Constituição para ganhar ‘likes’ no Facebook”, diz.
Eleições 2020
O deputado aponta que, por enquanto, o nome cogitado pelo MDB para disputar as majoritárias em Curitiba em 2020 é seu primo, João Arruda, que foi candidato a governador no ano passado e ficou em terceiro lugar no 1º turno. O próprio Requião Filho foi candidato a prefeito da capital em 2016, mas ficou em quinto, com 5,6% dos votos, atrás de Rafael Greca (PMN) – 38,38%, Ney Leprevost (PSD) – 23,66%, Gustavo Fruet (PDT) – 20,03% e Maria Victória (PP) – 5,66%.
“Ele [João Arruda] tem que construir sua candidatura, formar um grupo, ganhar uma convenção e, assim, teria, de forma legítima, o direito a concorrer à Prefeitura de Curitiba, como em todos os demais diretórios do Paraná. Os diretórios precisam – e devem – estabelecer sua proposta, formar seu grupo, trabalhar seus candidatos, fazer suas convenções e escolher. Candidatura própria é sempre nossa preferência. Ou uma aliança, encabeçando a chapa como vice, e uma chapa de vereadores completa. Nosso sonho era de que o MDB tivesse candidato próprio nas 399 cidades do Paraná. Onde não for possível, que façamos parte da cabeça da chapa e sempre buscando uma chapa de vereadores completa”, afirma.
Projetos de lei
O parlamentar é autor de projetos de lei sobre a aplicação de multas a agências reguladoras, na fiscalização da Copel e da Sanepar. Segundo Requião Filho, tem sido difícil avançar com o projeto porque “existe lá um pessoal que defende os acionistas, em vez de defender o povo, e esse pessoal faz um lobby muito forte dentro da Assembleia”.
De acordo com o deputado, o objetivo dos projetos é que Copel e Sanepar passem a respeitar os usuários desses serviços. “Hoje, a Copel deixa por horas sem luz um bairro inteiro. Às vezes, por mais de um dia. E o comércio que está lá? E a carne que está na geladeira? E se um hospital tiver um problema com o gerador? A Sanepar é a mesma coisa, às vezes, deixa bairros inteiros sem água por dois ou três dias. Como fica o restaurante que precisa lavar a louça e preparar o almoço e prestar seu serviço, a lavanderia, ou as donas de casa? Queremos, já que hoje essas empresas carecem de bom senso, queremos cobrá-las no bolso, onde dói nos acionistas, o respeito à população”, diz.
Golpe
Correu a notícia, nesta semana, de que um golpista estaria tentando ludibriar locatários de um apartamento no Guarujá (Litoral de SP). “O apartamento existe, só não é meu. Deve ter um dono, só não sei quem é. Estou lá acompanhando as redes sociais, como faço de praxe. De repente, chega uma mensagem via Facebook de uma menina dizendo: ‘aluguei um apartamento do deputado, mas está muito estranho, porque o ‘cara’ que me alugou não atende mais no WhatsApp e eu já paguei’. Respondi: ‘há um equívoco, porque o deputado não tem apartamento no Guarujá, muito menos para alugar’”, relata.
Segundo Requião Filho, a locatária que foi enganada enviou a ele o contrato e, no documento, constava o nome e o CPF dele. O deputado acredita que o estelionatário tenha obtido o número de seu CPF na internet, porém acrescenta que as demais informações que constam no contrato estariam equivocadas – endereço, profissão e estado civil. “Ela achou o anúncio na OLX de um apartamento para alugar no Guarujá. Ela é do Mato Grosso. Já fica meu aviso: não procurem apartamentos para alugar em sites como a OLX ou Mercado Livre. Procurem em sites de imobiliárias ou em sites especializados e seguros”, complementa.
Ainda de acordo com o deputado, o apartamento foi anunciado para aluguel com diárias de R$ 70, um valor muito abaixo do mercado para a alta temporada. “Ela deposita o dinheiro de dez dias de aluguel na conta do sujeito e ele some. Sujeito de São Paulo, de Mogi. Ela procurou o nome no Google e me achou. Fiz um BO em Curitiba, ela fez um BO no Mato Grosso, informamos à Polícia Civil de São Paulo, em especial do Guarujá, e espero que esse estelionatário seja preso”, afirma.
Requião Filho acrescenta que o golpista já estava “treinado”, pois enviou à vítima uma série de fotos do apartamento no WhatsApp que, acredita, seja de um telefone pré-pago. “Não existe negócio da China. Se é muito bom para ser verdade, geralmente não é”, conclui.
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